Pipetas, Provetas e Buretas
Objetivo: Manusear aparelhos destinados a medir volumeFundamentação Teórica
A medida precisa de volume é uma prática importante e muitos métodos analíticos, assim como na tecnologia farmacêutica no preparo de formulações.
O processo de medida de volumes de líquidos é uma prática trivial para o farmacêutico-magistral, porém, se não for feita com parcimônia pode acarretar em erros.
O instrumento de medição deve ser adequado ao volume a ser medido e a precisão desejada. Desta forma, para minimizar o erro, os instrumentos devem apresentar uma forma cilíndrica e a coluna de líquido formada deve ser a mais estreita possível. Assim sendo, um erro de leitura, será menor para a pipeta, intermediário para a proveta e maior para o cálice.
Segundo a USP, uma proveta graduada cilíndrica aceitável com 10 mL e diâmetro interno de 1,18 cm contêm 0,109 mL de líquido em cada 1 mm. Se o farmacêutico-magistal errou na leitura em 1 mm, causaria um erro de 1,09% ao medir 10 mL, 2,18% ao medir 5 mL e 10,9% ao medir 1 mL. Observando o fato, o instrumento de medida, deverá ter a capacidade igual ou pouco superior à quantidade a ser medida.
Conforme Goldstein e Mattocks, com base em um erro de leitura de 1 mm da marca e erro permissível de 2,5% e 5,0 %, as menores quantidades a serem medidas nas seguintes provetas cilíndricas graduadas, conhecidos os diâmetros internos, são as seguintes:
Proveta
|
Diâmetro interno
|
Desvio do volume real
|
Volume Mensurável mínimo
| |
2,5 % de Erro
|
5,0 % de erro
| |||
5,0 mL
|
0,98 cm
|
0,075 mL
|
3,00 mL
|
1,50 mL
|
10,0 mL
|
1,18 cm
|
0,109 mL
|
4,36 mL
|
2,18 mL
|
25,0 mL
|
1,95 cm
|
0,296 mL
|
11,84 mL
|
5,92 mL
|
50,0 mL
|
2,24 cm
|
0,394 mL
|
15,76 mL
|
5,88 mL
|
100,0 mL
|
2,58 cm
|
0,522 mL
|
20,88 mL
|
10,44 mL
|
Qualquer que seja o instrumento de medida é importante assegurar que:
- A medida deve ser realizada na vertical e a leitura feita no menisco;
- O líquido deve ser cuidadosamente escoado até o completo esgotamento;
- Evitar a utilização de diferentes instrumentos de medida em uma mesma formulação;
- Selecionar, sempre, o menor instrumento para a medida, o mais próximo possível do volume desejado;
- Quando medir líquidos viscosos, é necessário dar o tempo adequado para se proceder a leitura do menisco;
- Caso o líquido a ser medido for muito viscoso, pode-se medir o volume pela diferença.
1- Pipetas:
As pipetas são tubos cilíndricos de vidro utilizados para transferir, ou seja, medir e escoar, determinados volumes de um líquido. Assim, as pipetas permitem a transferência de volumes conhecidos, com precisão, de um recipiente para outro.
Existem dois tipos fundamentais de pipetas:
· Pipeta Volumétrica ou de Transferência: São pipetas que transferem um volume fixo, único, entre 0,5 e 200 mL, apresentando códigos coloridos para facilitar a identificação do volume dispensado. São tubos cilíndricos de vidro com a ponta afilada, providas de um reservatório central, podendo ser de escoamento parcial ou total.
· Pipetas de Medida ou Calibradas: São pipetas aferidas em unidades convenientes para que permitam a dispensa de qualquer volume, até uma capacidade máxima, a qual pode variar entre 0,1 a 25 mL. Apresentam também graduações que podem ser decimais (1/10) ou centesimais (1/100) do milímetro. Também são confeccionadas em vidro em formato cilíndrico com a ponta afilada.
As pipetas volumétricas e calibradas são preenchidas até a sua marca de calibração na parede externa; a transferência do conteúdo da pipeta para o recipiente é dependente de cada caso.
Como existe uma atração entre a maioria dos líquidos e o vidro, uma pequena quantidade de líquido tende a ficar retida na ponta da pipeta, depois que a mesma é esvaziada. Este liquido residual em alguns casos pode ser soprado e em outros não.
2 - Provetas:
São cilindros graduados destinados a medir volumes aproximados de determinados líquidos. A graduação é variável de acordo com a capacidade máxima.
3 - Buretas:
As buretas são capazes de dispensar qualquer volume, até a sua capacidade máxima, sendo que estas apresentam uma precisão muito maior que a da pipeta, ou seja, são aparelhos volumétricos que medem volumes exatos.
A bureta consiste de um tubo cilíndrico graduado, de calibre uniforme na fração graduada, usado para conter uma solução titulante, mais um sistema de válvulas (torneira), pelo qual a vazão é controlada.
O sistema de válvula é o que diferencia os tipos de buretas. A mais utilizada na atualidade é equipada com uma torneira de vidro colocada dentro de um cilindro de vidro esmerilhado. Um lubrificante é colocado entre as paredes para selar a passagem do líquido, devendo ser executada uma cuidadosa limpeza após o uso para evitar possíveis travamentos. Torneiras de Teflon® são comumente utilizadas, pois não são afetadas pela maioria dos reagentes e dispensão as lubrificações.
As marcas de volume na parede externa destas vidrarias são aferidas com os equipamentos limpos. Assim um nível semelhante de limpeza é necessário para que estas marcas possam ser utilizadas com confiança, pois somente assim será formado um filme superficial uniforme do líquido. Portanto, a existência de poeira, óleo ou outro contaminante irá romper este filme, sendo esta uma indicação de que a superfície está “suja”.
A limpeza deve ser feita com uma solução aquecida de detergente com uma agitação suave e breve, evitando a formação de “bolhas”, a qual irá retirar a maioria dos contaminantes. Certifique-se que a vidraria está limpa observando o filme de água na parede, o qual deve ser homogêneo, ou seja, sem há ruptura do filme. Depois de limpo, a vidraria deve ser enxaguada abundantemente com água de torneira e após com água destilada por duas a três vezes. Raramente é necessário secar vidraria volumétrica.
Ao adicionarmos um líquido em um tubo estreito este exibe uma curvatura marcante que é denominada de Menisco (Fig 01 a). Comumente é utilizada a parte inferior do menisco como ponto de referencia na aferição e no uso de equipamento volumétrico. Este ponto mínimo pode ser mais bem visualizado segurando-se um cartão de papel opaco atrás da coluna graduada (Fig 01 b).
Ao ler o volume, seu olho deve estar no nível da superfície do líquido para assim evitar um erro devido à paralaxe. O erro de Paralaxe é um fenômeno que pode provocar uma leitura: (a) do volume menor que seu valor real se o menisco for “olhado” por cima da superfície e (b e c) do volume maior se o menisco for “olhado” abaixo da superfície do líquido (Fig 01 d).
a) | b) | |
c) | d) | |
Procedimento:
1 - Uso de Pipetas
Introduzir a ponta inferior da pipeta (ponta da pipeta) no líquido, nem superficialmente, nem profundamente demais, ou seja, no meio da solução ou líquido que deseja transferir
Aspirar o líquido até uma altura superior a marca de aferição ou ao “Zero”, respectivamente na pipeta volumétrica e na pipeta graduada.
Vedar a parte superior da pipeta com o dedo indicador impedindo a liberação do líquido. Certifique que não há bolhas no líquido e nem espuma em sua superfície. Retirá-la do líquido, e inclinar um pouco enxugando a parede externa com papel absorvente.
Tocar a ponta da pipeta no recipiente para ajustar o nível do líquido ao traço de referência superior, deixando o líquido escoar vagarosamente, dando uma ligeira folga na pressão exercida pelo seu dedo indicador, deixando-a na posição vertical.
Então coloque a ponta da pipeta dentro do frasco receptor (onde se deseja transferir o líquido) e deixe o líquido escorrer vagarosamente como descrito acima, até o volume desejado. A seguir vede novamente a parte superior com o indicador e retire a pipeta do frasco receptor.
Figura 02: Técnica de Pipetagem |
2 - Uso de Buretas
Antes de usada a bureta deve estar muito limpa e a torneira lubrificada com graxa especifica.
Montar a bureta em suporte adequado de maneira que a torneira fique voltada para baixo e para o lado direito (Fig 04).
Figura 04: Montagem da Bureta. |
Certifique-se que a torneira esteja fechada. Adicione 5 a 10 mL do titulante e cuidadosamente rode a bureta para molhar seu interior completamente. Deixe o líquido escoar através da torneira. Repita este procedimento pelo menos duas vezes.
Então encha a bureta bem acima da marca do “Zero”. Libere as bolhas de ar que existam na ponta da bureta rodando rapidamente a torneira, e permitindo, assim que pequenas quantidades do titulante passem pela ponta e arraste o ar. Finalmente, abaixe o nível do líquido até a marca do “Zero”. Após enxuga-se a extremidade externa da ponta da bureta com papel absorvente, tomando cuidado para que este não absorva o conteúdo do líquido na ponta da bureta. Manusear a torneira com a mão esquerda como a figura abaixo.
Figura 05: Manuseio correto da torneira da bureta |
O desenho exemplifica o método mais adequado para a manipulação da torneira da bureta. Quando a mão é colocada desta forma, qualquer tendência para movimentos laterais pela torneira será na direção de firmá-la.
Então proceda a marcação de volume necessária, escoando, lentamente, o líquido da bureta.